Logo que a pandemia começou tive a idéia de fazer máscaras. Várias pessoas foram contra isso, pois eu não possuía certificação da ANVISA e esse tipo de certificação seria extremamente cara e difícil de conseguir. Além do mas, demoraria muito tempo para para ser feita. Até esse momento queria fazer máscaras pois achava horrível o que as pessoas estavam usando nas ruas.

 

Algumas semanas depois a pandemia se intensificou e a minha pequena fábrica começou a sentir os efeitos. Todos meus pedidos eram feitos por outras empresas que revendem as roupas desenvolvidas comigo. Com a crise, a maioria desses clientes cancelou todos os pedidos que tinham feito ou pediram para adiar a entrega. Foi um momento de pânico na empresa. Como uma pequena empresa, não tinha caixa para bancar os funcionários e as despesas mínimas até que a crise acabasse.

 

Felizmente o governo liberou uma normativa autorizando a produção de máscaras caseiras. Isso foi o estopim para colocar em progresso a idéia das máscaras. Em menos de uma semana já tinha uns 5 protótipos. Infelizmente, testando eles percebi que o ponto estava demasiadamente aberto e o tecido meio flácido. Além disso, peguei uma máscara de TNT e soprei nela para comparar o quanto de ar vazava. Nos primeiros protótipos era bastante.

 

Após mais alguns dias chegaram os novos protótipos. Elegi entre eles o que deixava passar menos ar (semelhante a máscara de TNT) e o que tivesse o encaixe mais bonito. Nesse momento já tinha o produto. Um importante aspecto do protótipo é que escolhi um fio super confortável e que já tinha um pouco em estoque. Isso possibilitou produzir os primeiros lotes de máscaras sem ter que ter um capital de giro.

 

Como o principal objetivo do projeto das máscaras era conseguir bancar os custos da fábrica e ajudar meus fornecedores a passar a crise, decidi utilizar um preço relativamente barato. Não queria que o produto me desse lucro, mas sim que o mesmo fosse acessível e tivesse um bom volume de vendas.

 

Depois de decidir o preço e fazer o protótipo, tinha o problema de como vender as máscaras. Minha ideia inicial foi criar um anúncio no mercado livre e vender pelo WhatsApp. Também mandei algumas amostras para algumas amigas me ajudarem a divulgar. Os pedidos começaram a chegar, no Mercado Livre era bem ruim vender, pois as pessoas escolhiam as cores só depois de comprar. No WhatsApp era pior ainda, porque é difícil acompanhar através dele quando temos uma quantidade significativa de pedidos. Pedi também muitas vendas pois não aceitava cartão de crédito, somente transferência bancária.

 

Depois de umas duas ou três semanas sofridas decidi criar um site. Cadastrei somente um produto (as máscaras) e integrei ele no Insta. Rapidamente as pessoas começaram a comprar. Uma coisa muito boa que consegui fazer, foi adicionar entregas no mesmo dia. Nada é como comprar um produto e recebê-lo quando chegar em casa. Comecei a criar anúncios e as pessoas começaram a comprar.

 

Atualmente não tenho um volume de vendas surpreendente e que me dê lucro, mas se a vendas continuarem como estão terei capital para pagar os meus funcionários e meus fornecedores.

 

Acho que como todos, aprendi muito nessa crise. E percebi que o comércio online é uma alternativa e vai se tornar cada vez mais comum. Por isso decidi tomar um novo passo, e a partir de duas semanas vocês vão ter acesso a outros produtos Alice Capella, como meias, luvas polainas e algumas outras peças. É uma pequena coleção, que visa principalmente produtos para serem usados em casa, mas que também possam ser usados quando as coisas voltarem ao normal. Espero que gostam.

"Faz uns 8 anos essa peça.. Depois tenho uma blusa de preta  ..e uma azul..." depoimento de cliente.

Alice Capella